Fala Tu hoje na Mostra In-Edit

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O flime será exibido à meia-noite e quinze e terá reapresentação na noite de sexta para sábado, às 02:00.
Dirigido por Guilherme Coelho e com argumento de Nathaniel Leclery, o documentário é o resultado do acompanhamento, por nove meses, do cotidiano de três moradores da Zona Norte carioca que, em comum, têm a paixão pelo rap. O filme é o testemunho das dificuldades pelas quais os cantores passam para concretizar seus sonhos, a relação com o trabalho e a música, e as transformações vividas pelos personagens durante o tempo de filmagem, quando batalham para fazer da sua música o seu “ganha-pão.” A câmera não se restringe às entrevistas, capturando imagens dos rappers trabalhando, brigando, cantando e até em cultos religiosos. 

Combatente, Macarrão e Togum são os três personagens centrais. Combatente é o codinome da operadora de telemarketing Mônica, de 21 anos, moradora do Vigário Geral. Confiante no poder transformador do rap, ela versa sobre saúde sexual, paz e igualdade e, recentemente, foi iniciada na igreja do Santo Daime. Togum, de 32 anos, é um dos pioneiros do movimento rap no Rio, trabalha como vendedor de produtos esotéricos. Com estilo agressivo de cantar, o rapper sonha em ir para faculdade e se tornar o primeiro porta-voz negro do Presidente da República. Já Macarrão, de 34 anos, mora no Morro do Zinco com sua mulher e vários filhos e é apontador do jogo do bicho. Integrantes do “lado B” do cenário do rap carioca, restrito à periferia, estão distantes tanto de astros como MV Bill quanto de uma postura revolucionária.
 
Os discursos dos três variam, chegando a se opor em alguns momentos: enquanto Combatente e Togum têm suas falas marcadas pela utopia e pelo sonho, Macarrão diz que seu rap não é protesto, e sim uma "crônica do cotidiano”. As composições dos personagens passeiam entre temas como a realidade da mulher, o preconceito racial, a violência moral e física e o dia a dia no morro. O filme aponta diversos aspectos positivos da realidade da periferia em grandes cidades, como Rio e São Paulo. A paisagem, fora do cartão-postal da "cidade maravilhosa", é pontuada pelo rap, pela ginga e por um certo ideal de malandragem. Determinados, os personagens passam por cima de todo e qualquer problema – como a perda do emprego, a morte de um parente próximo e as limitações dos serviços que o Estado presta para suas regiões – para atingir seus objetivos: fazer música.
 
A produção recebeu o prêmio de melhor direção e melhor documentário eleito pelo Júri Popular no Festival do Rio de 2003; ganhou uma Menção Honrosa no Festival de Cinema Brasileiro de Paris no mesmo ano; participou da Mostra Competitiva do Festival Internacional de Cinema de Miami, do Festival Cinéma du Réel em Paris e da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, todos em 2003; e foi selecionado para a mostra Panorama no Festival de Berlim de 2004, onde foi exibido com boa recepção por parte do público.
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